O Estado brasileiro perdeu a
capacidade de investimento. Essa situação é resultado de décadas de inchamento
da estrutura estatal, desequilíbrio fiscal, aumento desmesurado das despesas
públicas, financiamento imprudente de programas permanentes, prioridades
equivocadas, além de outros fatores que poderiam ser aqui enumerados e que, ao
final, revelam a ineficiência da gestão pública. Às vezes temos a sensação que
existe uma regra não escrita, segundo a qual é “proibido” administrar a coisa
pública com a visão empresarial e a eficiência gerencial do setor privado. Com
isso, são desperdiçados insumos, elementos e fatores de produção.
Essa insuficiência afeta toda a
sociedade, mas quem mais sofre com a dificuldade que o Estado brasileiro tem
para investir é o setor produtivo. A área de infraestrutura é a mais afetada. O
Brasil investe menos de 2% do PIB em infraestrutura, enquanto que em países
mais desenvolvidos esses investimentos estão acima de 5%. Estudos do Ministério
da Infraestrutura apontam para a necessidade de se investir ao menos 4,3% do
PIB pelos próximos dez anos para o Brasil reduzir gargalos ao desenvolvimento
econômico e social.
Ao deixar de investir em
infraestrutura, a competividade brasileira despenca e impacta negativamente na
qualidade de vida das pessoas e na produtividade das empresas. A qualidade de
vida se deteriora quando faltam rede de esgotos e de abastecimento de água,
energia elétrica, sistema de coleta de águas pluviais, rede telefônica e gás
canalizado. As rodovias em mau estado de conservação, a pequena malha
rodoviária asfaltada, a inexistência de ferrovias em extensas regiões do País,
os portos marítimos esgotados, aeroportos mal equipados, sistemas de
comunicação ultrapassados – tudo isso retira a competividade que as empresas
conquistam internamente em seus processos de gestão e produção.
Se o Brasil precisa de
infraestrutura para crescer e o Estado não tem a necessária capacidade de
investimento, só há uma saída: buscar investidores privados, dentro e fora do
País. Existe uma modelagem para isso na forma das parcerias público-privadas –
as PPPs – implementadas em várias regiões. Parece que existe certo pudor no uso
desse recurso jurídico e legal: muitos gestores têm receio de misturar
necessidades públicas com dinheiro privado. Além disso, tornou-se frequente o
questionamento, em juízo, de contratos de PPPs, ora pelo Ministério Público,
ora por concorrente não-vitorioso de leilões e concessões. Tudo isso desanima e
afasta investidores.
Mas a boa notícia é
que o Governo Federal compreendeu a dimensão e a complexidade desse cenário e
implementou um inédito e arrojado programa de concessões. O Ministério da
Infraestrutura garantiu R$ 89,81 bilhões em investimentos e R$ 20,1 bilhões em
outorgas, com o leilão de 81 ativos que incluem 34 aeroportos, 35 terminais
arrendados, 6 ferrovias e 6 rodovias. Os impactos na economia devem gerar cerca
de 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos, além de irrigar com recursos
extensas regiões do hinterland brasileiro. Neste ano, o Ministério planeja o
leilão de mais 56 ativos, com destaque para a sétima rodada de aeroportos, com
15 terminais, as desestatizações portuárias da Companhia Docas do Espírito
Santo e Porto de Santos, além dos arrendamentos de dezenas de terminais e mais
de 8,8 mil quilômetros em rodovias, superando R$ 165 bilhões em investimentos.
Algumas dessas
concessões garantirão a permanência e o futuro das agroindústrias no grande
oeste de Santa Catarina. Elas necessitam buscar cerca de 5 milhões de toneladas
de milho no centro oeste brasileiro, todos os anos, para manter os plantéis de
aves e suínos que alimentam as indústrias de processamento de carne. A solução
vem pelos trilhos: será objeto de leilão ainda neste ano a concessão para a
construção de um ramal da estatal paranaense Ferroeste – no trecho Chapecó-Cascavel
– que permitirá o acesso ao grão de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A obra é
vital e o setor privado, através das entidades empresariais, pagou o estudo de
viabilidade econômica, técnica e ambiental. Outra ferrovia, cujo estudo o
Governo catarinense está licitando, deve unir Chapecó aos portos catarinenses.
As duas ferrovias são complementares e indispensáveis para garantir a
matéria-prima de um lado, e a exportação, de outro.
Duas convicções se
fortalecem. Não há dúvidas que investir em infraestrutura é a melhor aposta
para o futuro do País e que a solução para as deficiências infraestruturais
está na parceria entre o Estado e o empresariado, num esforço legítimo para
harmonizar o interesse da coletividade com as expectativas de resultados dos
investidores.
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